05 junho 2017

SOBRE RECOMEÇAR – Histórias de Corrida

“Você pode não controlar os eventos que acontecem com você, mas você pode decidir não se deixar rebaixar por eles!” (Maya Angelou).

Eram 20 minutos correndo ao redor do quarteirão da minha casa, mas parecia que eu iria correr a Ultramaratona do Deserto do Atacama!

Paralisia.
Medo.
Pânico!
Tinha chegado o dia!
Ansiedade!
Uma dor no peito tomava conta de mim!

Não havia mais desculpas exteriores que me impediam de dar um passo e ir correr!

Não havia mais aulas, viagens, provas, atendimento a clientes, idas ao banco, ou qualuqr outro compromisso burocrático!

Tinha chegado a hora de sair de casa e ir correr depois de ter passado pela experiência de ter sido assaltado dentro de minha própria casa!

Se minha casa, o meu quarto, o lugar que para mim era mais seguro do mundo eu vivi momentos de pânico e terror em razão da insegurança, imagina como estaria as ruas lá fora!

Sábado, 03 de junho de 2017. Por volta das 18h, horário que sempre corria, estava no portão de casa! Paralisado, incapaz de abrir e sair!

Era como a Izzie retornando ao  Seattle Grace depois de ter contribuído para a morte do homem que amava! Paralisada em pé durante o dia inteiro em frente ao hospital!
(Quem já assistiu Grey’s Anatomy vai me entender!)

Assim eu estava, paralisado em frente ao portão, cheio de medo dúvidas e sentimentos/lembranças ruins!

Logo me sento numa cadeira na garagem, respiro, inspiro, me levanto e entro dentro de casa! Não iria haver corrida!

Impotência!
Paralisia!
Medo!
Pânico!
Dor no peito!

Onde estava o Cícero cheio de fé e destemor que sempre enfrentava os piores desafios?!
Não sei.

Horas e horas refletindo.


Horas e horas refletindo o imenso desejo de correr, com o medo paralisante do pior acontecer novamente!

As horas passam!

Já são 05h da manhã de domingo e eu não corri, não dormi, não fiz nada produtivo!

Vou dormir!

Ao acordar vem o questionamento: Hoje eu vou conseguir?

Espero anoitecer ou vou logo agora pela manhã? Já são 10h e está muito quente, não vou conseguir correr nesse sol!

E se eu não correr agora? E não conseguir correr mais tarde, quando conseguirei?

Domingo, 04 de junho de 2017. 11h, estou na garagem em frente ao portão!

Respiro fundo e vou!

Um pé, depois o outro, um pé, depois o outro!

O medo e o pânico, misturam-se a dor muscular e a respiração ofegante!

O sol nada amigo brilhando, queimando a pele que eu nem sequer havia passado protetor!

Eu estava correndo, na verdade trotando, mas eu estava lá nas ruas novamente!

Saí de casa sem ser de carro, saí de casa sem ser para resolver alguma coisa em algum lugar, saí de casa para correr!

Eu sou capaz de voltar a correr!

Com ajustes e com um pouco de tempo estarei de volta!

Medo, pânico, paralisia, dor no peito ainda existem e não sei quando irão embora!

Mas eu sei que sou capaz de ir além! Eu sei que assim como um paralítico pode recuperar seus movimentos aos poucos, assim eu vou no pouco de cada dia voltar aonde eu estava, no meu melhor tempo/versão como corredor!


Estamos juntos! Correremos juntos!


NOTA: Para aqueles que não estão situados, no dia 06 de maio tive minha casa invadida e junto com parte da minha família fui refém de bandidos que nos roubaram diversas coisas entre elas alguns assessórios de corrida, desde então não tinha conseguido voltar a correr! Os objetos não foram recuperados! Mas a vida, essa não foi levada, ainda há muita história para se contar e muitos kms para percorrer!
.

Nenhum comentário

Postar um comentário