“Você pode não
controlar os eventos que acontecem com você, mas você pode decidir não se
deixar rebaixar por eles!” (Maya Angelou).
Eram 20 minutos correndo ao redor do quarteirão da minha casa, mas
parecia que eu iria correr a Ultramaratona do Deserto do Atacama!
Paralisia.
Medo.
Pânico!
Tinha chegado o dia!
Ansiedade!
Uma dor no peito tomava conta de mim!
Não havia mais desculpas exteriores que me impediam de dar um passo e
ir correr!
Não havia mais aulas, viagens, provas, atendimento a clientes, idas ao
banco, ou qualuqr outro compromisso burocrático!
Tinha chegado a hora de sair de casa e ir correr depois de ter passado
pela experiência de ter sido assaltado dentro de minha própria casa!
Se minha casa, o meu
quarto, o lugar que para mim era mais seguro do mundo eu vivi momentos de
pânico e terror em razão da insegurança, imagina como estaria as ruas lá fora!
Sábado,
03 de junho de 2017. Por volta das 18h, horário que sempre
corria, estava no portão de casa! Paralisado, incapaz de abrir e sair!
Era como a Izzie
retornando ao Seattle Grace depois de
ter contribuído para a morte do homem que amava! Paralisada em pé durante o dia
inteiro em frente ao hospital!
(Quem já assistiu Grey’s
Anatomy vai me entender!)
Assim eu estava,
paralisado em frente ao portão, cheio de medo dúvidas e sentimentos/lembranças
ruins!
Logo me sento numa
cadeira na garagem, respiro, inspiro, me levanto e entro dentro de casa! Não
iria haver corrida!
Impotência!
Paralisia!
Medo!
Pânico!
Dor
no peito!
Onde estava o Cícero
cheio de fé e destemor que sempre enfrentava os piores desafios?!
Não sei.
Horas e horas
refletindo.
Horas e horas refletindo o imenso desejo de correr, com o medo paralisante do pior acontecer novamente!
As horas passam!
Já são 05h da manhã de
domingo e eu não corri, não dormi, não fiz nada produtivo!
Vou dormir!
Ao acordar vem o
questionamento: Hoje eu vou conseguir?
Espero anoitecer ou vou
logo agora pela manhã? Já são 10h e está muito quente, não vou conseguir correr
nesse sol!
E se eu não correr
agora? E não conseguir correr mais tarde, quando conseguirei?
Domingo, 04
de junho de 2017. 11h, estou na garagem em frente ao
portão!
Respiro fundo e vou!
Um pé, depois o outro,
um pé, depois o outro!
O medo e o pânico,
misturam-se a dor muscular e a respiração ofegante!
O sol nada amigo
brilhando, queimando a pele que eu nem sequer havia passado protetor!
Eu estava correndo, na
verdade trotando, mas eu estava lá nas ruas novamente!
Saí de casa sem ser de
carro, saí de casa sem ser para resolver alguma coisa em algum lugar, saí de
casa para correr!
Eu sou capaz de voltar
a correr!
Com ajustes e com um
pouco de tempo estarei de volta!
Medo, pânico,
paralisia, dor no peito ainda existem e não sei quando irão embora!
Mas eu sei que sou
capaz de ir além! Eu sei que assim como um paralítico pode recuperar seus
movimentos aos poucos, assim eu vou no pouco de cada dia voltar aonde eu
estava, no meu melhor tempo/versão como corredor!
Estamos juntos!
Correremos juntos!
NOTA:
Para aqueles que não estão situados, no dia 06 de maio tive minha casa invadida
e junto com parte da minha família fui refém de bandidos que nos roubaram
diversas coisas entre elas alguns assessórios de corrida, desde então não tinha
conseguido voltar a correr! Os objetos não foram recuperados! Mas a vida, essa
não foi levada, ainda há muita história para se contar e muitos kms para
percorrer!
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